‘Acaso’ atrapalhou plano de sequestro de Moro

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O Primeiro Comando da Capital (PCC) começou a monitorar o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) em maio de 2022 e já tinha alugado uma chácara, a 48 quilômetros de Curitiba, onde ele seria mantido em cativeiro. Duas circunstâncias alheias aos planos da facção foram cruciais para que o ex-juiz da Lava Jato não fosse sequestrado.

A revista Veja publicou detalhes da investigação sigilosa da Polícia Federal (PF) que, em março, prendeu nove integrantes do PCC. A facção monitorou o senador por sete meses e planejou minuciosamente o sequestro de Moro, que o presidente Lula chegou a classificar como uma “armação de Moro”.

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Segundo a revista, a intenção do grupo criminoso, depois do sequestro, era trocar o ex-juiz pela transferência de Marcos Camacho, o Marcola, encarcerado no presídio de segurança máxima de Brasília, para o sistema prisional de São Paulo. Se a chantagem não fosse aceita, Moro provavelmente seria morto.

De acordo com a reportagem, a chácara alugada pelo PCC tinha muros de mais de metros de altura e estava em uma estrada rural, não pavimentada, com quase nenhum tráfego de carros. Esse seria o cativeiro de Moro a partir de 30 de outubro, depois do segundo turno das eleições. Os bandidos aproveitaram que a segurança do então candidato foi reduzida a partir de 24 de outubro e levariam o senador do Clube Duque de Caxias, onde votava, para o cativeiro.

Cativeiro de Moro ficava a 48 quilômetros de Curitiba

A chácara que serviria de cativeiro para Moro, a 48 quilômetros de Curitiba, foi alugada por uma integrante do PCC, que fez exigências incomuns e despertou suspeita na proprietária. Normalmente alugada para lazer durante fins de semana, o pedido era de aluguel por um longo período.

Embora a proprietária tenha cobrado um preço muito superior ao habitual, a locatária, identificada como Luana, aceitou pagar o valor. Além disso, exigiu fazer o pagamento em dinheiro e que absolutamente ninguém aparecesse no imóvel enquanto ela e seus hóspedes estivessem no local. 

No dia seguinte à ocupação da casa, as câmeras de segurança foram subitamente desligadas, e a central de armazenamento das imagens, instalada em um poste a 5 metros de altura, desapareceu, informou a dona, que decidiu vistoriar a região com um amigo policial. Dentro do imóvel, para sua sorte, não encontrou ninguém.

Ela só descobriu que seus inquilinos eram do PCC tempos depois, quando a Polícia Federal pediu que ela fizesse o reconhecimento de algumas pessoas da facção.

O ‘acaso’ atrapalhou os planos de sequestro do PCC 2 vezes

Dino Marcola PCC Moro
Marcola, líder do PCC | Foto: Reprodução/Redes sociais

Além da chácara, o PCC alugou um apartamento em Curitiba, a 42 quilômetros do cativeiro, de onde coordenava as ações. Como os vizinhos estranharam a intensa movimentação, comunicaram a imobiliária, que refez a checagem da documentação. 

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Os funcionários da imobiliária descobriram, então, que na carteira de identidade de um dos locatários constava que Cascavel, cidade no oeste paranaense, era no Estado de São Paulo. A imobiliária ligou para os criminosos e ameaçou chamar a polícia. Nesse momento, os bandidos abandonaram o imóvel e abortaram o plano de sequestro, que foi posteriormente retomado.

A segunda circunstância que impediu o sequestro foi a delação de um antigo integrante da alta cúpula do PCC. Ameaçado de morte pela facção, ele procurou o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de  São Paulo (Gaeco), pediu proteção e ofereceu informações em troca. Ele detalhou o plano de sequestro de Moro, citando  Janeferson Aparecido Mariano Gomes, conhecido como Nefo, como o responsável por tramar o crime.

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