Ex-chefe da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, o delegado Adriano Garcia Geraldo disse que, após sofrer retaliações ao longo dos últimos anos, a justiça foi feita com a punição aplicada à delegada Daniela Kades nesta terça-feira (25). Ela vai ficar afastada da função por 30 dias.

O caso começou ainda em outubro de 2021 quando ambos se desentenderam durante reunião com titulares das delegacias de Campo Grande e Adriano, à época chefe da PCMS. “É um resgate da minha dignidade, sou pai de família, tenho uma história na Polícia Civil”, disse ao Primeira Página.
Kades, que é titular na DEAIJ (Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude), será substituída durante um mês pelo delegado Alberto Luiz Carneiro da Cunha de Miranda. A penalidade foi assinada pela delegada Rozeman Geise Rodrigues – em substituição ao atual delegado-geral, Roberto Gurgel.
Adriano, hoje lotado como diretor do interior no Ciops (Centro Integrado de Operações de Segurança Pública), conta que a reunião foi feita apenas para nivelar conhecimento.
“Eu precisava nivelar com os subordinados o que estava acontecendo”. Diz ainda que junto a Kades haviam outros 24 delegados, mas somente ela fomentou inverdades.
“Mas hoje tudo ficou comprovado. Ela teve direito a ampla defesa, arrolou testemunhas, foi ouvida. A apuração foi feita por três delegados e a punição assinada pelo secretário de segurança porque identificou insubordinação”, disse referindo-se ao titular da Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública), Antônio Carlos Videira.
Mais cedo, Kades comentou a sanção e disse que estava ciente que viria. Ela poderia recorrer, mas optou por não fazer isso. Por isso, desde o mês passado, aguardava o afastamento da delegacia que só veio após julgamento do caso Omertà, na semana passada.
Caso
A discussão entre Kades e Adriano foi descoberta depois que áudios da reunião foram vazados. Nessa época ela já era alvo de um processo administrativo por “insubordinação grave em serviço”.
Na gravação é possível ouvir que a briga começa justamente por conta das investigações da Operação Omertà, que em 2019 revelou um esquema de corrupção de agente público liderado pelo empresário Jamil Name e pelo filho dele, Jamil Name Filho, o Jamilzinho.
Muitos outros crimes foram descobertos pela força-tarefa: assassinatos, extorsões e no centro de tudo, o jogo do bicho. É justamente por esse último que a discussão acontece.
Na gravação, Adriano exige saber nomes de criminosos que assumiram o negócio de Name após as prisões feitas na operação. É então que Kades nega a dar detalhes do trabalho feito por ela e outros quatro delegados.