Investigada por dopar crianças de uma creche de Naviraí – cidade a 342 quilômetros de Campo Grande – Mariana Araújo, de 26 anos, voltou a ser presa nesta quinta-feira (27). Ela teve a prisão por omissão decretada após o fim do inquérito que apurou torturas e maus-tratos aos bebês que passavam o dia no “Cantinho da Tia Carol”.

Segundo informações da Polícia Civil, desde o fim das investigações – que foram enviadas a justiça no dia 20 deste mês – Mariana era procurada. A primeira informação era que a funcionária da creche estava em Angélica. As equipes policiais foram até a cidade, mas lá, descobriram outro endereço: uma casa no bairro Itapoã, em Ivinhema.
Policiais do SIG (Setor de Investigações Gerais) do município foram avisados. Pouco depois, Mariana foi encontrada. Ela ainda tentou correr quando notou a presença da polícia e se escondeu dentro de um quarto, mas foi presa. O delegado Gustavo Oliveira informou que agora, a mulher vai ser levada pata Naviraí e lá ficará a disposição da justiça.
No dia em que os crimes vieram à tona, depois que a polícia instalou câmeras escondidas na creche e flagrou parte das agressões, Mariana chegou a ser detida por ter dado remédios para uma das crianças dormir, mas foi liberada depois de pagar fiança.
Agora, volta para cadeia pelo crime de omissão, já que presenciava os crimes de Caroline Reis Rech, de 30 anos, e não fez nada para impedir.
As denúncias
As investigações policiais feitas pela DAM (Delegacia de Atendimento à Mulher) revelaram que Carol agredia as crianças com tapas pelo corpo, pescoço, rosto, beliscões e puxões de cabelo e quando os pais perguntavam ela dizia que as agressões tinham sido feitas por outra criança ou algum acidente na creche.
Em um dos casos, ela teria esfregado a calcinha suja de fezes no rosto de uma criança autista, de 6 anos, como punição. A criança relatou que Carol ainda mandou que ela comesse, mas a ela se negou. Outro relato aponta que uma criança de três anos teria vomitado durante uma refeição e a proprietária fez o mesmo com ela.
Há ainda relatos de crianças que faziam xixi na roupa e eram colocadas em situação vexatória: Carol obrigava as outras crianças a fazerem roda, bater palmas e os chamarem os coleguinhas de ‘mijões’. Além disso ameaçava de cortar o órgão genital das crianças caso voltassem a fazer xixi no colchão.
Nos depoimentos, ex-funcionárias contaram a polícia que a dona da creche negava dar comida aos alunos, gritava com eles e os deixava de castigo com frequência.
O terror vivido dentro da escolinha clandestina – já que Carol não tinha autorização para cuidar das crianças – só terminou após a DAM recorreu a justiça para conseguir autorização para instalar monitoramento de áudio e vídeo no local. Com isso, flagraram as agressões a uma bebê de apenas 11 meses.